quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Como cuidar da pele da criança no verão

Estamos passando uns dias na praia e, como toda mãe cautelosa, carrego inúmeros protetores solar.

Segue um artigo da Revista Crescer sobre como cuidar a pele das nossas riquezas:

A pele dos dos pequenos é bastante sensível e suscetível a doenças, principalmente em dias de calor. Confira
Por Thais Lazzeri


Crianças adoram dias de calor – elas vão a parques, piscinas e molham os pés na água do mar mesmo ainda bem pequenas. Mas a vigilância dos pais precisa ser grande porque a pele dos mais novos é bastante sensível e suscetível a doenças. Para você e sua família não perderem os dias de verão, fizemos uma parceria exclusiva com a Sociedade Brasileira de Dermatologia e trouxemos as últimas novidades e os melhores cuidados que você deve ter com a pele do seu filho. Saiba como evitar os cinco vilões da estação mais esperada do ano

1. A PRAIA
É bem na beirinha do mar, justamente onde as crianças mais gostam de brincar quando vão à praia, que fica uma das maiores ameaças à pele delas no verão: as águas-vivas. No último verão, esses animais invadiram o litoral brasileiro e se tornaram uma nova preocupação para os pais. Centenas de casos de queimaduras foram registrados no país e boa parte envolveu crianças. Apenas em Santa Catarina, pelo menos 50% dos acidentes registrados em janeiro atingiram os pequenos. O estado catarinense ao lado de São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Espírito Santo foram os mais afetados.

As águas-vivas são animais aquáticos que liberam substâncias altamente irritantes quando entram em contato com algo. No último verão, chegaram à beira-mar por uma série de motivos ainda em estudo, que vão desde o aquecimento global até o aumento de turistas nas praias. A expectativa dos biólogos é que neste ano o problema continue.

Se alguém for atacado, deixe a parte em que os tentáculos estão presos embaixo da água do mar para se afrouxarem – ao tentar tirá-los, a quantidade de veneno será maior, assim como a dor. Banhe o local com água salgada ou jogue vinagre para neutralizar o veneno, assim as vesículas com a toxina não se rompem. Procure um médico, que prescreverá antiinflamatório e analgésico. A dor deve melhorar em algumas horas. Se o caso for grave, vá ao pronto-socorro imediatamente.

Outro inconveniente das praias para a pele do seu filho são os bichos geográficos. A única maneira de evitá-los é freqüentar areias em que cachorros e gatos sejam proibidos, porque eles são encontrados nas fezes desses animais. A regra deveria valer para toda a costa brasileira, o problema é que nem sempre é assim. Outra opção é andar de chinelos, mas além de não ser tão gostoso quanto caminhar descalço, na hora de correr para o mar não tem jeito: os pés estarão sem proteção. Quanto à areia, fique tranqüilo. Ela não vai causar alergia. Se a pele da criança for sensível e ficar irritada, jogue água doce no corpo dela, enxugue-a e deixe-a sobre uma canga ou toalha.

2. A PISCINA
Que criança resiste a um mergulho na piscina? Aquecida ou ao ar livre, é preciso cuidado ao freqüentá-la com seus filhos. Se ela não recebe tratamento de limpeza adequado pode causar doenças de pele, principalmente nas crianças. Uma das responsáveis seria a bactéria Pseudomonas aeruginosa, presente na água e transmissível ao toque, segundo pesquisa norte-americana. Ela deixa as unhas esverdeadas. Neste ano, seis bebês morreram nos Estados Unidos vítimas dessa bactéria. Descobriu-se que as enfermeiras da maternidade usavam unhas postiças e a bactéria estava ali. Por isso, o cuidado tem de ser também com quem cuida do bebê, sejam os pais, os avós ou a babá. Alguns sinais que podem o ajudar a escolher uma piscina livre de riscos são a cor e o odor da água. Se ela for escura e tiver cheiro ruim, fique longe. Conhecer o ambiente, pedir informações para quem o freqüenta e verificar como o tratamento da água é feito podem ajudá-lo, principalmente quando você viaja com as crianças para um local novo. Outro perigo – este sim mais freqüente – são as frieiras, um tipo de micose que atinge mais os pés. Se a água do lava-pés ou da piscina não é tratada e trocada com freqüência, a criança pode desenvolvê-las. O tratamento é feito com soluções tópicas ou remédios, sempre com indicação médica.

No caso da água das piscinas, o excesso de cuidado também pode ser prejudicial, por mais contraditória que essa informação pareça. O cloro, assim como as outras substâncias usadas no tratamento da água, pode provocar ressecamento da pele e até alergias em pessoas sensíveis ou que tenham a pele muito seca. Se seu filho é alérgico ao cloro, procure locais que não utilizem o produto, como piscinas salinizadas, que deixam a pele mais hidratada. Caso não tenha opção, deixe a criança na água com cloro por períodos curtos, leve-a para tomar uma ducha em seguida e passe hidratante pós-sol. Como não existe um produto específico para os cabelos das crianças que os proteja do sol e da água, aplique um pouco de condicionador nas pontas dos fios após o banho se você notar que ressecaram.


3. O SOL
O protetor solar é o mais importante aliado contra os problemas causados pelo sol, mas não é o único. No Brasil, a situação é assustadora. Pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia no ano passado, com mais de 31 mil pacientes com câncer de pele, mostrou que apenas 26,9% dos entrevistados usavam protetor ao se expor ao sol. Quem tem filhos corre outro risco: o filtro solar dá a falsa sensação de que as crianças estarão protegidas por horas. Além de ir à praia nos horários em que o sol está baixo, antes das 10 h ou depois das 16 h, você deve repor a cada duas horas o protetor com FPS 30 – acima disso, eles ficam quimicamente mais fortes e o efeito não é tão maior a ponto de compensar o uso. Se a criança entrar na água, é preciso enxugá-la e aplicá-lo de novo, imediatamente. Outro cuidado é com a quantidade: não basta usar pouco e espalhar bem. O ideal é 2 ml do produto por cm2 do corpo, traduzindo: um frasco não dura mais do que dois dias para uma família de quatro pessoas. Crianças a partir de 6 meses estão liberadas para usá-lo.

Se você está achando tanto cuidado um exagero, lembre-se de que se seu filho tomar banho de sol muito forte a probabilidade de ele ter melanona na fase adulta – o pior tipo de câncer de pele – pode dobrar. Não se esqueça também da proteção adicional, como chapéus com abas que protejam a nuca e as orelhas, óculos de sol de boa qualidade, camiseta de cor escura e trama cerrada e guarda-sol. Advertências descumpridas podem significar ardência na pele, que pode ser tratada com hidratante pós-sol ou alguma loção indicada pelo médico – e não com alguma combinação de ingredientes caseiros, que podem agravar a lesão e piorar o ardor.

Quanto mais clara é a pele, mais cuidados exige. Áreas com sardas são as de maior concentração de células produtoras de pigmento (os melanócitos) e surgem cedo em pessoas mais claras como forma de defesa contra o sol. Ruivos, por exemplo, precisam ir periodicamente ao dermatologista e, ao contrário dos demais, usar filtro com proteção 30 (no mínimo!).

O sol pode, ainda, provocar outras alterações na pele se entrar em contato com frutas cítricas (como figo e limão), algumas gramíneas, perfumes florais e até aspargo fresco, que contêm uma substância fototóxica (psoraleno) em seu suco ou casca. Ao ser absorvida pela pele e com exposição solar, a substância provoca reações até 24 horas após o contato, que incluem de pigmentação leve até bolhas profundas. Em casos simples, lave bem o local e proteja-o do sol até completa regressão das manchas. Se forem intensas, procure um médico.

4. AS ALERGIAS
As picadas de insetos e o aparecimento de brotoejas são as queixas mais comuns nos consultórios dermatológicos durante o verão. A primeira recomendação contra insetos que você vai ouvir é proteger as crianças com roupas que cubram braços e pernas – tática incompatível para quem mora em países tropicais. Nos Estados Unidos e na Europa, as queixas diminuíram depois da criação de um aparelho eletrônico, para carregar como colar no pescoço, que emite ondas capazes de afastar os insetos. A tecnologia não chegou ao Brasil; se você quiser comprar, aproveite os amigos que vão viajar para o exterior e peça um.

Se não tiver esse aparelho ou se o tempo não esfriar, você vai precisar proteger seu filho. Converse com o médico sobre o uso de um repelente específico para crianças, a partir do sexto mês. Aplique-o nas áreas de maior exposição no máximo duas vezes ao dia, porque o uso excessivo pode causar intoxicação. Não passe nem no rosto nem nas mãos por haver risco de ingestão do produto. Tomar vitamina B também funciona, mas algumas erupções, como espinhas, podem aparecer na pele.

Além do repelente, proteja sua casa a partir do início da tarde. Coloque telas nas janelas e não deixe portas abertas. Ventilador e ar-condicionado afastam os insetos, mas velas de citronela funcionam melhor contra moscas do que contra pernilongos e borrachudos. Você pode ter mosqueteiros em casa, que precisam ser higienizados com freqüência para não acumularem pó. Se usar aparelhos de tomada contra os mosquitos, ligue-os quando a criança não estiver no quarto e desligue-os quando ela for dormir. Tente fugir de hotéis e pousadas à beira-rio, à beira-mar ou próximos de mata fechada. As crianças que têm reações alérgicas graves podem usar, a partir de dois meses, um medicamento específico que tem eficácia de uma semana. Só o médico pode indicá-lo.

As brotoejas, bem como os pernilongos, são mais comuns no verão. A criança sua mais e as glândulas podem inflamar. Além do tratamento com loções à base de hidróxido de alumínio ou calamina pura, você deve refrescar seu filho com compressas frias e roupas frescas. Cuidado com medicamentos usados para tratar dermatites na região das fraldas. Como a área é úmida, a absorção de remédios também é maior. Se você usar errado ou sem prescrição médica, pode causar intoxicação.
5. OS EXCESSOS NA HIGIENE DIÁRIA
Você já deve ter se perguntado: quantos banhos por dia posso dar no meu filho? Não existe uma recomendação formal, mas três é um número razoável em dias quentes. Não é preciso lavar a cabeça dele todas as vezes; use o bom senso. Se vivem em regiões quentes, a melhor pedida é a água em temperatura ambiente, e não a gelada.

Não abuse de sabonetes e xampus. Só compre produtos específicos para crianças, com o mínimo de perfume e corante – de preferência os neutros, que dificilmente causam algum tipo de reação alérgica. Condicionador, hidratante e óleo corporal não precisam constar na sua lista de compras, a não ser que o médico recomende. Fuja do talco, que pode causar problemas respiratórios. A limpeza correta vai ajudar a cuidar da irritação com as fraldas. Assaduras são mais comuns no verão. Para evitá-las, seque bem o bebê e todas as dobrinhas depois do banho. O mesmo vale para lenços umedecidos.

O calor intenso pode provocar dermatite seborréica, como é conhecida a caspa no couro cabeludo nos primeiros seis meses de vida. O motivo seria uma superatividade das glândulas que produzem a secreção. Não dá para evitar, mas você pode tomar alguns cuidados. Meia hora antes do banho, massageie o couro cabeludo com óleo hidratante. Depois do banho, passe uma escova com cerdas macias para retirar as sobras. Se a espessura da caspa for grossa, converse com o médico. Ele poderá indicar um creme específico para tratar os casos mais graves.


Cicatriz à mostra
"Eu sei que crianças vivem bem com suas cicatrizes. Os pais, nem sempre. Nasci com um problema cardíaco e aos 4 anos fiz a primeira cirurgia. Ganhei uma cicatriz de 15 cm nas costas. Quando fomos à praia, minha mãe escolheu um biquíni com lateral larga para escondê-la. Se um pedaço aparecia, para me proteger de olhares curiosos, ela arrumava o biquíni. Sempre convivi bem com as marcas – tenho seis. Criança não se importa, a não ser que alguém mostre que cicatriz é algo ruim. Converse com seu filho e explique o que é, até para ele saber o que responder se alguém perguntar. Se a marca for incômoda para ele, e não para você, há um procedimento a laser, liberado a partir de 7 anos, capaz de reduzi-la. Cremes à base de silicone, com recomendação médica, também ajudam. Plásticas só são recomendadas a partir da adolescência.” (Thais Lazzeri)
Tecido que protege
Criança gosta de ficar horas na água, de fazer castelinho na areia e reclama ao passar protetor. Por isso, corre risco de se expor demais ao sol. As roupas feitas de tecido com filtro solar são mais um aliado, já que barram os raios ultravioleta. Você encontra macacões confortáveis e bonés que cobrem a nuca. O problema é que se o calor for intenso e seu filho suar muito podem aparecer brotoejas. Aí é preciso buscar um lugar fresquinho. Compre também um guarda-sol escuro, com trama fechada, mas lembre-se de que parte da irradiação vem da areia e o protetor é indispensável mesmo na sombra.


Proteção garantida
Saiba como escolher o protetor solar mais seguro para o seu filho:
• O protetor é indicado para crianças a partir de 6 meses. Antes, pode provocar reações alérgicas.
• Há dois tipos no mercado: o filtro solar químico, em que há interação química entre o raio solar, o protetor e a pele; e o físico, que funciona como uma barreira protetora, sem reação química. O físico é o melhor para os pequenos porque reflete o sol e os efeitos colaterais são praticamente inexistentes.

• Compre produtos específicos para crianças. Essa informação vem no rótulo do produto, que deve também conter o selo indicando que foi testado e aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Protetores de adultos podem irritar a pele do seu filho por terem formulações muito fortes.

• Os protetores em sprays, cuja loção não é cremosa, não funcionam bem para a garotada. É mais difícil saber onde e quanto do produto você aplicou, porque o líquido é transparente. Se espirrar direto no rosto, pode causar ardência nos olhos.

• Prefira os protetores sem repelente. São duas composições químicas, o que aumenta o risco de reação alérgica.

• O FPS 30 é o ideal. Acima disso, a composição química é maior e o custo–benefício, praticamente o mesmo. Só em casos específicos, como para crianças albinas, a recomendação é diferente. Converse com o pediatra.

• Não se esqueça de verificar o prazo de validade.


Fontes: Andréia Mateus Moreira, Claudia Maia, Maria Cecília da Mata Rivitti Machado, Paulo Sérgio Emerich Nogueira e Tania Ferreira Cestari, todos do Departamento de Dermatologia Infantil da Sociedade Brasileira de Dermatologia, e Priscila Araci Grohmann, bióloga marinha e professora da UFRJ.

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