quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Você me conta uma história?

A importância do mundo da fantasia
Lu Martinez


Quantas vezes, ao final do dia, nossos filhos nos pedem que contemos histórias a eles?

Provavelmente, nesse momento, nos lembramos do imenso mundo de fantasias dos contos narrados por nossos pais, e não desejamos que nossos filhos sejam privados desse prazer.

A importância dessa prática, que tem sido realizada de forma intuitiva por várias gerações, foi confirmada nas últimas décadas. Estudos demonstram que o conto infantil tem um impacto positivo nas diversas áreas de desenvolvimento da criança.

Primeiro, ao se aproximar do filho para ler uma história, o pai partilha com ele um grande momento de intimidade e intercâmbio afetivo. A criança percebe nesse instante que todas as prioridades do mundo dos adultos são adiadas, e que ele é o centro e receptor da atenção e do carinho do pai.

Segundo, por meio da narração de histórias os pais têm a oportunidade de dramatizar e transmitir mensagens específicas aos filhos, com conteúdos emocionais, valores e condutas. Essa forma de comunicação é entendida pela criança como uma aproximação do adulto à sua linguagem e às suas necessidades, dividindo com ele a alegria do conto.

Terceiro, a maior parte dos contos, principalmente os tradicionais como o “Chapeuzinho Vermelho”, “Pequeno Polegar” e “Joãozinho e Maria”, permite à
criança ver seus próprios medos e conflitos projetados na narrativa. A conclusão aparece com uma solução, um final feliz que libera o medo: o pequeno ser resolve suas dificuldades. A ordem se restabelece e a criança se sente novamente segura e
satisfeita. Quando a criança é pequena, é importante que essas histórias sejam lidas por um adulto bem próximo. Sua presença e mediação a tranqüilizam, tornando mais tolerante a angústia gerada pela história.

Em quarto lugar, os contos estimulam a fantasia das crianças. Por meio deles, elas são capazes de imaginar outras realidades, conhecer seres poucos convencionais, transgredir códigos e regras estabelecidas. Com essa prática, elas, pouco a pouco, começam a criar suas próprias aventuras e personagens, reforçando assim sua liberdade criativa e auto-estima.

Por último, o hábito de narrar e ler histórias desenvolve nas crianças importantes aptidões para a linguagem e o conhecimento, o que lhes permite construir uma base sólida no decorrer da sua experiência escolar. Um exemplo disso é a capacidade que elas demonstram aos descrever o que aconteceu na história, tendo o tema central
como base, dando coerência ao relato. As crianças são capazes de dar seqüência aos eventos (o que aconteceu primeiro e depois), estabelecer relações de causa e efeito e adquirir uma linguagem rica e complexa.


Algumas sugestões para
formar crianças leitoras

Criar o hábito da leitura. Essa tarefa deve ser
realizada todos os dias e na mesma hora. O
momento ideal é antes de dormir.

A criança deve sentir que o tempo dedicado
à leitura é importante. Não é bom dividí-lo com
outras atividades.

Apreciar esse momento mágico com a
criança, transmitindo a ela essa fantástica
experiência.

Selecionar os contos de acordo com a idade
e o interesse da criança. A maioria dos livros
fornece esta recomendação aos
leitores.

Dar à criança a oportunidade de
escolher a história que deseja ser lida
ou narrada.

Fazer com que ela se identifique com
os personagens, permitir que interrompa a
narração para perguntar ou comentar
alguma coisa e dar-lhe a oportunidade de
contar o final.

Ser um exemplo. É muito mais fácil que a
criança crie o hábito da leitura vendo seus
pais lendo e tendo acesso aos livros dentro
de casa.


BIBLIOGRAFIA:
• "A importância do ato de ler", de Paulo Freire. São Paulo,
Cortez / Editora Cortez Autores Associados, 1982, 96 p.
"Como incentivar o hábito da leitura", de Richard Bamberger
(Editora Ática) São Paulo. Cultrix, 1977.

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